Vampire Survivors: O fenômeno indie que redefiniu o gênero bullet heaven

Quando o mundo dos games parecia saturado de grandes produções com orçamentos milionários, um jogo simples, com gráficos retrô e jogabilidade minimalista, surgiu para mostrar que a criatividade ainda é o recurso mais poderoso do desenvolvimento independente. Estamos falando de Vampire Survivors, o aclamado roguelike desenvolvido por poncle, que rapidamente se tornou um marco entre os jogos indie modernos.

Do nada ao sucesso global

Desenvolvido quase inteiramente por uma única pessoa, Luca Galante (também conhecido como poncle), Vampire Survivors foi lançado inicialmente em acesso antecipado no final de 2021 e teve sua versão completa disponibilizada em outubro de 2022. A premissa era simples, mas viciante: sobreviver o máximo de tempo possível contra hordas cada vez maiores de inimigos, com ataques automáticos e melhorias constantes.

Essa abordagem direta, combinada a um sistema de progressão profundo e surpreendentemente estratégico, cativou uma legião de fãs. O jogo virou um fenômeno global, conquistando prêmios como Best Debut Indie Game no The Game Awards 2022 e sendo amplamente considerado um dos melhores jogos de baixo custo da década.

Jogabilidade viciante

Em Vampire Survivors, o jogador não ataca — as armas disparam automaticamente. O único controle é mover o personagem pelo mapa para fugir, atrair inimigos e coletar gemas de experiência. A simplicidade dos comandos contrasta com a complexidade das decisões: escolher entre armas, combinar passivos certos para evoluções, e montar “builds” que transformam o caos em espetáculo visual.

Com o tempo, o jogador desbloqueia novos personagens, relíquias, fases, modos de jogo e cartas mágicas (Arcana) que mudam radicalmente a experiência de cada partida. Tudo isso cria um ciclo de progressão altamente recompensador, que mantém o jogador voltando “só mais uma vez”.

Estilo retrô e performance impecável

Apesar de usar gráficos 2D inspirados em jogos de 16 bits, Vampire Survivors consegue ser visualmente impressionante — especialmente quando dezenas de milhares de inimigos ocupam a tela. A trilha sonora é outro destaque, com temas cativantes que acompanham perfeitamente o ritmo frenético de cada sessão.

Além disso, o jogo é incrivelmente otimizado: roda em praticamente qualquer PC e tem versões para consoles, celulares e até modo cooperativo local — uma raridade no gênero.

Expansões e crossovers inesperados

Um dos grandes trunfos de Vampire Survivors é seu suporte contínuo e expansões acessíveis. Até maio de 2025, o jogo já conta com seis DLCs, cada uma trazendo personagens, armas, mapas e novas mecânicas:

  • Legacy of the Moonspell (2022): inspiração oriental e yokais japoneses.

  • Tides of the Foscari (2023): fantasia escolar com monstros mágicos.

  • Emergency Meeting (2023): crossover oficial com Among Us.

  • Operation Guns (2024): homenagem à franquia Contra da Konami.

  • Ode to Castlevania (2024): crossover massivo com personagens e armas de Castlevania.

  • Emerald Diorama (2025): parceria com SaGa: Emerald Beyond, gratuito para todos os jogadores.

Essas DLCs não apenas expandem o universo do jogo, mas também mostram o prestígio que a franquia conquistou, sendo reconhecida por estúdios como Konami e Square Enix.

Legado e impacto

Vampire Survivors é mais do que um jogo bem-sucedido — é um símbolo de como o design inteligente e a paixão pelo desenvolvimento de jogos podem superar qualquer limitação técnica ou orçamentária. Ele influenciou dezenas de títulos similares, praticamente criando um subgênero: o bullet heaven (em contraponto ao bullet hell), onde o jogador causa destruição em massa, ao invés de apenas evitá-la.

Sua comunidade é ativa, engajada e constantemente recompensada com novidades, segredos ocultos, personagens bizarros (como um panda que atira bambus explosivos) e atualizações gratuitas que mantêm o jogo sempre relevante.